A importação deixou de ser um sonho distante na vida das empresas, e entrou para a lista de prioridades. Buscar fornecedores em outros países já não é mais pensamento apenas de grandes empresas. A pequena e média também quer participar deste jogo.
Mas com muita frequência, gestores e empreendedores se defrontam com a seguinte pergunta: como funciona a importação no Brasil? O que eu preciso fazer para que as regras impostas pelo governo sejam cumpridas, e a minha operação não fique parada nos portos ou aeroportos?
É sobre isso que eu quero falar com você neste artigo. Fica comigo até o fim.Necessariamente esta não é uma obrigação governamental, mas a primeira e mais importante decisão do seu negócio.
Identificar fornecedores confiáveis, que tenham produtos com preços acessíveis e qualidade superior àquela que você já tem no mercado interno, é o ponto mais relevante do seu projeto de importação.
Existem inúmeros meios de você prospectar e qualificar estes fornecedores, sem que para isso tenha de gastar muito dinheiro.
Você pode (e deve) começar pela internet, mas na hora de bater o martelo (enviar o câmbio), deve seguir algumas regras básicas para não ter surpresa.
Alguns fatores complicam o processo de qualificação, como a distância e até mesmo as dificuldades de comunicação, devido ao idioma ou cultura. Mas com algumas dicas simples, é possível otimizar este processo e ser eficiente.
Eu escrevi um artigo sobre Como Qualificar Fornecedores Confiáveis no Exterior (marque para ler depois).O processo formal de habilitação é uma exigência da Receita Federal do Brasil para toda as empresas e pessoas físicas que desejam importar ou exportar.
É um registro feito pela Receita Federal do Brasil, chamado RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros), e a norma básica que ampara esta solicitação é a IN 1.603/15.
Durante muito tempo o Radar/Siscomex foi uma tremenda dor de cabeça para os importadores e exportadores no Brasil.
Exigiam-se inúmeros documentos, formulários enormes, procedimentos arcaicos, sem falar que a análise documental era demorada e pouco padronizada nas alfândegas brasileiras.
Hoje a coisa funciona de um jeito mais fácil e dinâmico. O próprio interessado pode requisitar a sua habilitação através do Portal Único Siscomex, por intermédio de uma certificação digital, com segurança e praticidade.
O Radar tem por objetivo unificar as informações de todos intervenientes no comércio exterior, como importadores, exportadores, para monitorar o comportamento e limite de atuação.
OS TIPOS DE IMPORTAÇÃO NO BRASIL
A importação brasileira está dividida em três possibilidades distintas:
Importação própria
Importação por conta e ordem
Importação por encomenda
A importação própria é aquela em que o próprio distribuidor do produto no mercado interno promove a sua importação. Ele gerencia o processo desde a qualificação do fornecedor até o desembaraço aduaneiro. Normalmente, contrata funcionários internos e prestadores de serviços externos.
Existem vantagens e desvantagens neste tipo de operação, mas a importação própria (ou direta, como gostam de chamar) é muito utilizada por empresas que desejam verticalizar o seu processo de compra o exterior.
Já as operações por conta e ordem ou por encomenda, são aquelas em que o importador de fato (aquele que irá distribuir) não cuida de todas as etapas do processo. Ele vai contratar uma empresa (uma trading, assim chamada) que gerencia as várias etapas da importação, entregando a carga, já liberada, no Brasil, mediante acordo previamente escrito (contrato), e vinculado na Receita Federal.
Também existem vantagens e desvantagens nestes dois modelos de operação, mas é muito utilizado por empresas que desejam focar no seu negócio de distribuição, entregando as inúmeras exigências brasileiras para uma empresa especializada.
OS 4 PILARES DA IMPORTAÇÃO
Gerenciar um processo de importação está amparado em 04 pilares:
Diagnóstico Administrativo
Planejamento Logístico
Monitoramento Operacional
Execução Operacional
Cada uma destas fases tem exigências específicas, que precisam de cuidados especiais.
No Diagnóstico Administrativo, são levantadas informações sobre a classificação fiscal, as exigências administrativas, se há obrigatoriedade de licenciamento, de registro e a carga tributária.
É a fase mais importante do processo, que deve ser pesquisada antes do fechamento comercial. Existem exigências que não poderão ser cumpridas, e a negociação comercial deverá ser cancelada.
O Planejamento Logístico é o momento em que o importador, juntamente com os seus prestadores de serviços contratados, vai organizar o embarque da mercadoria, seja aéreo ou marítimo.
Este pilar vai trabalhar questões como a prontidão da carga, cotação do frete e do seguro internacional, identificar o melhor modal de transporte, o melhor porto de origem e destino, além de enviar a instrução de embarque e fazer a primeira análise documental.
O Monitoramento Operacional é a momento em que o importador acompanha o embarque, até a chegada no porto/aeroporto de destino. Aqui, todas as etapas pensadas e executadas na fase anterior são acompanhadas junto com o agente de carga e também com o despachante aduaneiro.
Pode parecer uma fase simples, mas é crucial para a próxima fase, a da liberação alfandegária no Brasil.
A quarta e última fase, é a Execução Operacional. Aqui o importador vai confirmar a chegada da mercadoria e promover com as obrigações alfandegárias. Normalmente ele contrata um despachante aduaneiro, que já está acompanhando o processo desde a fase 2, para agora cumprir as obrigações da alfândega, no menor tempo possível e dentro do custo estimado.
OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO ADOTADOS PELO GOVERNO
A alta burocracia, tributos que fazem dobrar o preço em dólar, as inúmeras exigências aduaneiras e administrativas, tudo isso é fruto e uma proteção à indústria nacional, praticado por anos, e que levará muito tempo para deixar de existir.
Fazer negócios no Brasil não é uma tarefa para principiante, e o nível de protecionismo praticado por aqui é sem comparação com qualquer nação civilizada.
Mesmo assim, a importação ainda é lucrativa, se executada da maneira correta. O modelo é complexo, não é impossível.
O importador precisa ser especialista (ou contratar um especialista), para que nada fuja do controle, e a operação se torne lucrativa.